Imigração alemã em Santa Catarina
Cidade de Treze Tílias em 1938 - Imagens raras
O fim da segunda Guerra mundial
No dia 7 de maio de 1945, às 2h40 da madrugada, o ato de capitulação incondicional da Alemanha foi assinado na presença do general americano Walter Bedell-Smith, do general soviético Ivan Susloparov e do general francês François Sevez.
Segundo o acordo, os combates deveriam cessar precisamente às 23h01 do dia 8 de maio. Mas a notícia da assinatura da rendição correu o mundo já na manhã do dia 8, o que obrigou os chefes de três dos quatros países aliados – Harry Truman, nos Estados Unidos; Winston Churchill, no Reino Unido; e Charles de Gaulle, na França – a anunciar oficialmente o fim dos enfrentamentos às 15 horas. A partir de então, o dia 8 de maio se tornou a data-símbolo da vitória sobre a Alemanha nazista.
A cerimônia de assinatura da capitulação em Reims, no entanto, não foi suficiente para o líder do quarto país Aliado, a União Soviética. Joseph Stalin queria que a rendição incondicional fosse assinada no coração do Terceiro Reich: Berlim. Uma nova reunião foi então organizada no subúrbio da cidade alemã, ocupada na época pelo exército soviético.
O encontro começou na noite do dia 8 de maio e terminou precisamente aos 28 minutos do dia 9. É por isso que a União Soviética, e atualmente a Rússia, celebrava o aniversário da capitulação alemã um dia depois que a maioria dos países europeus.
O conflito, no entanto, ainda não havia chegado ao fim. Foi preciso esperar até o dia 2 de setembro para que o Japão assinasse a capitulação que encerraria definitivamente a Segunda Guerra Mundial, mais de quatro meses depois que as armas se calaram na Europa. Embora as operações militares tenham terminado em solo europeu a partir desse momento, os combates prosseguiram no Pacífico.
No Extremo Oriente, o Japão continuou a combater os exércitos aliados, e somente o trágico lançamento de duas bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, conseguiu obrigar o país asiático a assinar sua capitulação em 2 de setembro. Só então a Segunda Guerra Mundial chegou, de fato, ao fim.
A contribuição alemã para a formação da cultura brasileira
A imigração e a colonização alemã no Brasil tiveram um importante papel no processo de diversificação da agricultura e no processo de urbanização e de industrialização, tendo influenciado, em grande parte, a arquitetura das cidades e, em suma, a paisagem físico-social brasileira. O imigrante alemão difundiu no Brasil a religião protestante e a arquitetura germânica; contribuiu para o desenvolvimento urbano e da agricultura familiar; introduziu no país o cultivo do trigo e a criação de suínos. Na colonização alemã, não se pode negar, está a origem da formação de um campesinato típico, marcado fortemente com traços da cultura camponesa da Europa Central.
No domínio religioso, há de se reconhecer a influência dos pastores, padres e religiosos descendentes de alemães. Várias igrejas luteranas foram implantadas com a chegada dos imigrantes e o próprio ritual católico adquiriu certas especificidades nas comunidades alemãs.
A vida cultural dos imigrantes também teve um papel importante na formação da cultura brasileira, especialmente no que diz respeito a certos hábitos alimentares, encenações teatrais típicas, corais de igrejas, bandas de música e assim por diante. Exemplo caracterstico é a Oktoberfest, que, a princípio, surgiu como uma forma de manifestação contra as atitudes tomadas pelo Estado Novo ao proibir atividades culturais que identificassem a germanidade. Hoje, ela é uma festa que simboliza a alegria alemã, tendo incorporado, com adaptações e modificações, a gastronomia, a música, a língua alemã.Phasellus lorem nisi, gravida indictum sit amet.
Alemães As tradições e o abrasileiramento
Os imigrantes e seus descendentes mantiveram uma forte ligação com a cultura e a sociedade de origem, apesar das ressões no sentido de sua integração à vida nacional. De fato, com uma identidade étnica bem definida, os alemães, como os outros grupos de imigrantes, também foram assimilados e aculturados pela sociedade local.
Entre eles, pouco a pouco, os traços de germanidade tornaram-se mais débeis. A língua alemã passou a ser falada menos em público. Diminuíram também as atividades das sociedades e clubes recreativos. A educação passou a ser feita na língua portuguesa. Em certos meios, ser alemão passou a assumir uma conotação inferior, de negação ou de exclusão.
A escola
Um dos exemplos mais significativos de resistência cultural foi a criação e a manutenção de escolas alemãs vinculadas a comunidades evangélicas e católicas nas colônias.
Tendo os imigrantes vivido isolados durante algumas décadas, as primeiras escolas e igrejas foram organizadas por eles mesmos.
Em torno da escola, como também da igreja e de associações, o apego às tradições e a preservação de elementos culturais se estendeu a diversas gerações, persistindo mais ou menos até os dias atuais. Pode-se afirmar que alguns dos elementos de preservação e difusão da língua, identidade e cultura alemãs por parte dos imigrantes e descendentes, referem-se à escola comunitária, à imprensa, à ênfase ao associativismo, à organização das comunidades religiosas, dentre outros.
Estatística das Escolas Alemães no Brasil - 1931
Fonte: MAUCH, C., VASCONCELOS, N.(Org.). Os alemães no sul do Brasil: cultura, etnicidade e história. Canoas: Ed. Ulbra, 1994. p.157.
(*) Totais sem confirmação
De uma forma geral, o governo imperial e os governos das províncias não se preocuparam com a educação nas colônias. Assim, as escolas surgiram, sobretudo, para evitar o problema do analfabetismo.
Inicialmente, eles próprios tomaram a iniciativa de estabelecer escolas comunitárias e depois particulares, que, com o tempo, se transformaram em "escolas étnicas". Os professores dessas escolas, a princípio, eram pessoas da colônia, mas, com o desenvolvimento destas, vieram os religiosos, que, muitas vezes, se dedicavam, também, ao ensino. Da Alemanha vieram professores contratados pelos colonizadores para ensinar a ler, escrever e contar e para transmitir valores comunitários e culturais, mantendo assim costumes e tradições.
Por consequência, milhares de descendentes de imigrantes foram instruídos na língua alemã sem o conhecimento da língua oficial brasileira.
Aos poucos, o ensino da língua alemã acabou por estimular o crescimento e a divulgação de publicações de obras literárias e poéticas, de jornais, de revistas e de almanaques, tanto para o interior dos núcleos coloniais quanto para outras províncias, num período que se estendeu até 1939.
O resultado deste processo pode resumir-se no "teuto-brasileiro".
A capela
Assim como a escola, as capelas tiveram grande importância na vida dos imigrantes e descendentes alemães, pois serviam ao mesmo tempo como local de culto, escola e salão de festas. Esta organização em torno da capela remete a outro aspecto semelhante àquele desempenhado pelas associações assistenciais e recreativas: proporcionavam atividades de lazer e, ao mesmo tempo, representavam um lugar de preservação de costumes e hábitos que, aos poucos, foram sendo assimilados pelos brasileiros.
Colônias Alemãs no Brasil
Regiões de origem e destino dos emigrantes
Território brasileiro e povoamento dos alemães
Os imigrantes alemães no Brasil
Os colonos alemães adaptaram-se ao Brasil sem abdicar de sua cultura. Por isso, construíram um novo espaço onde mantiveram o seu próprio estilo de vida, integrando a ele traços da cultura brasileira. Isso resultou no modo de ser singular do colono migrante.
A colonização da Região Sul
A Região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) foi destinada, pelo governo brasileiro, ao povoamento com colonos. Este sistema de colonização é muito diferente do sistema adotado na província de São Paulo.
No sistema de colonização desenvolvido na Região Sul, o objetivo era fazer do povoamento e da colonização mecanismos de conquista e de manutenção do território, povoar áreas de florestas próximas a vales de rios. No sistema adotado na província de São Paulo, entretanto, o objetivo era solucionar a carência de mão-de-obra nas propriedades de café.
A colônia de São Leopoldo (Rio Grande do Sul) foi a primeira experiência de povoamento do Sul, tendo se transformado num dos grandes sucessos da política de colonização do governo imperial.
Os colonos alemães expandiram-se pelo território brasileiro e levaram consigo esse sistema de colonização para além da Região Sul. Muitas vezes, para bem mais longe: Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia, por exemplo.
Os imigrantes urbanos
Nem todos os imigrantes alemães que vieram para o Brasil foram ou se tornaram proprietários de terras na ocasião de sua chegada. Muitos deles eram artesãos, industriais, comerciantes e profissionais do meio urbano, bem como religiosos e professores.
A partir do desenvolvimento de regiões coloniais e do crescimento demográfico, além das migrações para novas colônias e frentes de colonização, ocorreu continuamente o êxodo rural, que se intensificou com a modernização agrícola dos anos sessenta no século XX.
Expansão geográfica e as colônias homogênas de povoamento
Os alemães se dispersaram pelo território e entre a população brasileira, marcando fortemente determinadas áreas e influenciando outras. Um traço visível desta expansão é a ampla rede de igrejas luteranas nas frentes de colonização, exemplificando, em parte, a vasta influência germânica no país. Em 1922, havia 375 paróquias das igrejas de Confissão Luterana do Brasil, das quais 237 (63%) se localizavam na Região Sul, 64 na Região Sudeste (31 no ES), 29 na Região Norte, 26 no Centro-Oeste, 18 no Nordeste.
Colônias homogêneas de povoamento surgiram no Sul a partir do empenho dos colonos em adquirir os lotes de terra daqueles que partiam, visando a assegurar a proximidade geográfica de seus filhos e netos. Encaminhados para as regiões mais distantes e tendo recebido apenas a ajuda material do governo brasileiro (concessão de terras, facilidades financeiras, auxílios oficiais, ajuda material, etc), a concentração de colonos de mesma origem étnica resultou na formação de grupos relativamente homogêneos e isolados, onde era alta a taxa de fecundidade: 8 a 9 filhos para as mulheres que se casavam entre 20 e 24 anos.